terça-feira, 8 de maio de 2012

O cardeal Dolan e os problemas de "laringite" da hierarquia

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Não são tempos de tédio para o cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque. Desde há meses, como presidente da conferência episcopal dos Estados Unidos, Dolan personifica a oposição ao decreto da administração Obama que irá obrigar empresas e instituições a incluir a contracepção entre os serviços cobertos pelos seguros de saúde que pagam aos seus empregados

Pareceram-me particularmente interessantes as últimas três referências amplas dedicadas ao arcebispo de Nova Iorque: um perfil publicado na Newsweek, um artigo-entrevista com várias citações no The Wall Street Journal e uma entrevista televisiva à Fox News. Nos três, ao lado de uma atitude positiva, aparece o respeito de Dolan pelo "adversário" Obama, aparece o esforço por focar o conflito como uma ameaça à liberdade religiosa (e não como uma discussão sobre a contracepção) e a abertura para debater assuntos em que a mesma hierarquia da Igreja (a que ele pertence) agiu mal. 

Sobre este último ponto diz, por exemplo: "não me assusta admitir que é desafio interno para a catequese – um desafio grande como uma torre – convencer a nossa própria gente sobre a beleza moral e a coerência daquilo que ensinamos. É tarefa gigante".

Sobre a contracepção, admite que "muitos de nós" ao considerar que se trata de um tema impopular pensámos inconscientemente: "o melhor é não falar sobre isso", e deu-se um vazio.

Depois, a crise dos abusos "intensificou a nossa laringite para falar dos temas da castidade e da moral sexual". A atitude era: "depois do que fizeram alguns bispos e padres, embora uma minoria,  como é que eu posso ter alguma credibilidade para falar disso?".
E, no entanto, o arcebispo diz que encontra, especialmente entre os jovens adultos, "uma fome" de uma voz mais autorizada da Igreja sobre sexualidade. "(Esses jovens) apressam-se a dizer que talvez não sejam capazes de lhe obedecer, mas querem ouvir essa voz. Por uma questão de justiça, tu, como pastor, precisas de nos falar. Precisas de nos desafiar".

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