Deus tem Facebook? Deus não tem conta na rede social do momento, mas está presente através de cada um de nós, católicos que, quando clicam em “Gosto”, “Comentar” ou “Partilhar”, estão a testemunhar “no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele”, como incentiva o Papa Bento XVI na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011.
Se os jovens não vão à Igreja a Igreja vai aos jovens. O ditado podia ser mesmo assim, pois a Igreja tem sabido diagnosticar o afastamento dos mais jovens e procura o seu lugar nas comunidades online.
Primeiro foram os blogues, onde padres, grupos de catequese, grupos de jovens, entre muitos outros, começaram a utilizar a internet para darem testemunho. São ecos de perto e de longe, mesmo de onde a rede quase não chega, é disso exemplo o blogue dos Missionários Espiritanos em Moçambique, Nakumi, que em língua macua significa “estamos bem”. A e-vangelização veio para ficar e foi o próprio Vaticano a incentivá-la, lançou o site Pope2you com aplicações para comunicar diretamente com os jovens através das redes sociais, do Youtube ou do iphone, sendo possível aceder de forma simples e direta às mensagens do Santo Padre. Em Portugal, a iniciativa passo-a-rezar.net, uma ideia dos Jesuítas, disponibiliza orações diárias através de download, tornando possível a cada pessoa encontrar tempo para rezar, mesmo a caminho da escola ou no trânsito.
Contudo, não se iludam, trata-se apenas da reinvenção da roda, ou seja, os meios mudam, mas os objetivos são os mesmos. O testemunho da Fé e do Cristo vivo têm de permanecer como horizonte, porque não é esvaziando de sentido a mensagem que se consegue cativar o recetor.
Pelo contrário, sempre foi característica dos jovens a procura de ideais, de modelos a seguir, de modo a estarem aptos a construir um projeto de vida sólido, em que a busca pela felicidade se desenha como objetivo maior. O melhor dos exemplos: Jesus feito Homem que, apesar de todas as adversidades, viveu segundo valores como a Fé, a Paz, o Amor e a Entrega aos mais desfavorecidos. Sem floreados ou materialismos, é esta a Palavra que me parece ser necessário fazer chegar aos jovens. É valorizando o essencial que se pode renovar a Igreja.
Outra característica da juventude é o dinamismo, assim, ir à Eucaristia Dominical acompanhando os pais ou os avós não satisfaz alguém que está no início da caminhada enquanto cristão. A catequese pode ser uma boa base, um local de preparação para a vida adulta, mas são necessárias alternativas para a formação dos jovens. Para isso precisamos ser católicos ativos, que despem as roupas engomadas do Domingo e arregaçam as mangas para fazer o que for necessário. Só uma comunidade que busca sempre novos desafios e se mantem formada e informada é capaz de ser jovem. Mais do que dizer-se católico, é preciso dar testemunho, viver com intensidade a fé, trazendo Cristo à vida através de grupos de jovens, grupos corais, cursos bíblicos, são imensas as opções.
As novas ferramentas da Internet apresentam-se apenas como formas diferentes de chegar àqueles que não conhecem ou estão afastados da Igreja. Foi um grande salto este da Igreja que, ainda na segunda metade do século XX, celebrava as Eucaristias em latim e hoje em dia utiliza campanhas publicitárias, reportagens e lip dub’s para fazer passar a mensagem. Na preparação das Jornadas Mundiais da Juventude Madrid’11 estão a ser utilizados esses meios e espera-se reunir jovens de todo o mundo para escutarem a Palavra de Cristo através de Bento XVI. Esta é uma grande oportunidade de formação, de encontro e de troca de experiências. Um acontecimento capaz de despertar alguns católicos adormecidos, que ao participarem talvez se deem conta que a Igreja se preocupa e está sempre presente.
No entanto, a utilização da internet tem alguns perigos e exige uma atenção constante. Devemos esclarecer pontos de vista, partilhar experiências, atualizar informações, moderar debates, enfim, o bom senso deve prevalecer. Além disso, há um mundo além do ciberespaço onde se passam grande parte das ações e para as quais devemos convidar os amigos virtuais a participar.
Concluindo, penso que os jovens precisam de uma Igreja capaz de evoluir e de se adaptar às novas realidades, sobretudo, que desça dos altares e vá ao seu encontro. Não me refiro apenas ao clero, os jovens cristãos devem ser os primeiros a falar de Deus aos seus amigos.
Salomé Peixoto,
Jovens Sem Fronteiras
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