“A facilidade de acesso a telemóveis e computadores juntamente com o alcance global e a omnipresença da internet criou uma multiplicidade de vias através das quais é possível enviar, instantaneamente, palavras e imagens aos cantos mais distantes e isolados do mundo: trata-se claramente duma possibilidade que era impensável para as gerações anteriores. De modo especial os jovens deram-se conta do enorme potencial que têm os novos «media» para favorecer a ligação, a comunicação e a compreensão entre indivíduos e comunidade, e usam-nos para comunicar com os seus amigos, encontrar novos, criar comunidades e redes, procurar informações e notícias, partilhar as próprias ideias e opiniões.
Desta nova cultura da comunicação derivam muitos benefícios”. A longa citação provém da Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra no próximo dia 24, centrado no tema “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade”. Este texto reveste-se de uma actualidade inquestionável e está escrito num registo caracterizado pela frescura e larga visão. Não cai, ao contrário do que é frequente, naquelas ideias simplistas de potencialidades e de perigos nem no estafado lugar comum de que “os meios não são nem bons nem maus: depende do que fi zermos deles”.
Bento XVI dirige-se em especial à “geração digital”, aqueles que outros autores designaram por “nativos digitais” (em contraposição com os “imigrantes digitais” que seríamos a maior parte de nós). Sublinha a dimensão da “cultura da comunicação”, a qual, mais do que uma realidade sociológica, constitui um desiderato e um programa de acção, pejado de desafi os e difi culdades. E questiona em que medida as tecnologias e o seu uso abrem espaço para novas formas de relação humana e social. Ou seja, coloca uma questão básica, que pouca gente ainda coloca, nestes dias de sedução e de crença no poder intrínseco da tecnologia: será que estamos a usar as tecnologias ao nosso dispor para nos aproximarmos mais e nos compreendermos melhor?
Na próxima quinta-feira, às 16h30, na Universidade Católica, em Lisboa, a par da
apresentação do novo portal da agência Ecclesia e de um livro do Cónego António Rego, o tema desta Mensagem é pretexto para um encontro. Desejaria que houvesse coragem dos media para pôr de lado teias de aranha e olhar com atenção a
surpresa que pode vir de onde menos se espera.
RR/Página 1 - 18.05.2009
Manuel Pinto, Professor da Universidade do Minho
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